Assistímos nos últimos dias (semanas) a uma histeria à volta do Papa só comparável à procura de bilhetes para os U2. Essa histeria parece, no entanto, não ter contagiado a escolha do Conclave (com ou sem influência do Espírito Santo) pois a escolha recaiu sobre um dos candidatos menos populares - sem bem que fosse o mais conhecido. Desse ponto de vista, numa sociedade cada vez mais mediatizada díria que venceram as ideias e os princípios.
O problema que vejo nesta suposta coerência é que esta continuidade pode ser vista como perpectuação artificial do poder, afinal foi eleito o maior conselheiro de João Paulo II, que terá tido influência na nomeação de todos os Cardeais Eleitores à excepção de dois. Uma espécie de pescadinha de rabo na boca que bem precisava de uma intervenção estilo "limitação de mandatos".
Por outro lado Bento XVI tem a vantagem de poder vir a ser aquilo que aparenta. Ou seja, enquanto que João Paulo II escondia a ortodoxia atrás de um ar afável, pode ser que com Bento XVI a ortodoxia seja menos popular, dando lugar a uma discussão que a aceitação de João Paulo II impediu.
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