domingo, abril 17, 2005

Catapultas

Dizem que copiar sem citar é plágio mas copiar citando é investigação. Neste caso é homenagem. Luis Fernando Veríssimo presenteia-nos de vez em quando com pérolas como a que transcrevo a seguir (retirada da revista Actual do Expresso de ontem).

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Durante a Peste Negra que assolou a Europa no século XIV era comum usarem os corpos de pesteados como armas, catapultando-os por sobre as muralhas de cidades sitiadas para infectar sua população. Nem sempre dava certo.

- General, os habitantes da cidade estão simplesmente fugindo dos corpos pesteados.

- Comecem a catapultar pesteados ainda vivos. Assim eles podem correr atrás dos que fogem.

- Sim senhor.

Em certos casos, os sitiantes recorriam a métodos mais sofisticados para solapar a moral da cidade cercada. Se era grande a coesão entre os sitiados, por exemplo...

- Preparem os intrigantes.

Uma salva de intrigantes era disparada pelas catapultas sobre a cidade, onde espalhariam boatos infundados e semeariam a discórdia.

Ou então:

- Mandem os sofistas!

Swush, swush, swush, lá iam os sofistas por cima dos muros, para começar discussões filosóficas sobre a futilidade ou não de resistir, ou da existência humana em geral.

Ou, quando a resistência parecia que não ia ceder mesmo, vinha a ordem:

- Disparar inconsequentes!

E choviam inconsequentes sobre a cidade sitiada, que em pouco tempo estaria distraída com assuntos que não tinham nada a ver com a sua situação, descuidaria da defesa e seria facilmente conquistada.

Você às vezes não sente que estamos numa cidade sobre a qual catapultaram inconsequentes para distrair nossa atenção com outros assuntos enquanto nos saqueiam?

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Nem mais!

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