A encenação de "Idomeneo" de Mozart que tinha sido retirada de cena na Alemanha foi reposta. Muito se disse acerca de se andar a censurar Mozart. Não é verdade. O libreto de "Idomeneo" trata da relação entre humanos e divindades, mas a divindade é Neptuno.
Inomeneo, rei de Creta, desafia Neptuno e acaba por levar a melhor. Hans Neuenfels, o encenador, considerou a ópera como simbolizando "a autodeterminação do humano" sobre o divino e decidiu "actualizar" o divino. Daí aparecerem Cristo, Maomé e Buda.
Quem foi censurado não foi Mozart, foi Hans Neuenfels. Realçar a mensagem da primazia do humano sobre o divino é um direito de Neuenfels. Está protegido pelo direito de opinião e ampliado pela maior liberdade que normalmente é concedida aos artistas. Mas ao optar por expor cabeças decepadas de figuras religiosas, Neuenfels está a assumir o risco de ofender sensibilidades e a dar o direito à directora da ópera de retirar a encenação. Até porque esta já foi recebida com vaias pelo público. No entanto, fico feliz por ter sido reposta.
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